domingo, 18 de novembro de 2012

Eu dancei, alonguei e curti!


Aos seguidores e aos fãs do projeto Bailarinas do Cerrado.

Ensaio Ipê Amarelo
Bailarina: Maíra Brito
Fotógrafo: Marcio Braz
Brasília, L4 Sul







Nasci em São Paulo, mas fui criada no Recife.
Tenho um sotaque que não nega essa origem nordestina.
Um cantado diferente, que deve ficar comigo pra sempre.
E, por causa dele, ganhei um apelido super-bonito: Flor do Capibaribe.
Capibaribe é um dos rios que corta a capital pernambucana, fazendo dupla com o rio Beberibe.
Mas o ballet e o Bailarinas do Cerrado estão a um passo de mudar meu apelido.












No final de setembro, últimos dias de seca no Centro-oeste,
me espalhei sobre um tapete de flores amarelas de um ipê que dava os seus últimos gritos de beleza,
antes de ficar desfolhado.
Sob as lentes do Marcio Braz, me estiquei, dobrei, alonguei... me entreguei .
Eu me misturei a uma das coisas mais típicas de Brasília.
E me converti na Flor do Cerrado.





Foi uma experiência curta, mas intensa.
O dia anoitecia, o trânsito na L4 Sul aumentava, a luz ia embora rapidamente.
Mas a conjunção de sortes e talentos funcionou.
Deu tão certo!

Tão, mas tão certo, que uma das fotos do ensaio --- a foto que abre esse post --- foi escolhida por uma das mais conhecidas revistas de fotografia do país a Digital Photographer Brasil.
E além de estar no site, foi publicada na edição impressa da revista no mês de novembro!

E no Facebook das Bailarinas do Cerrado, essa é uma das fotos mais curtidas, mas compartilhadas.
A cada dia mais seguidores aparecem, comentam, comemoram, dão apoio, querem participar, dividir histórias!

Em poucos meses passamos dos 2 mil seguidores!
Um número que nos dá muito orgulho porque representa o entusiasmo de várias pessoas pelo ballet e pela fotografia.




O Bailarinas do Cerrado é um projeto movido a paixão.
E é paixão o que desejamos para o mundo todo!

.

sábado, 20 de outubro de 2012

A sós

Bailarina: Joana Azevedo
Fotógrafo: Marcio Braz
Brasília, Parque da Cidade.



Venta, ali se vê
Aonde um arvoredo inventa um ballet 
Enquanto invento aqui pra mim 
Um silêncio sem fim 
Deixando a rima assim 
Sem mágoa, sem nada 
Só uma janela em cruz 
E uma paisagem tão comum. 
(Nei Lisboa)




sábado, 29 de setembro de 2012

Inconsciente a serviço do ballet e da fotografia


por Marcio Braz

Alerta aos descuidados: esse post não é exatamente sobre ballet.

Sim, as imagens são de ballet, mas o post é sobre psicologia humana... ou seria psicose??

Ok, ok, certo, também não vou falar sobre arquétipos e inconsciente, porque esse não é o objetivo do blog e, principalmente, porque, dada minha expertise no assunto, eu ia acabar misturando Freud com a velocidade do obturador e ia virar uma confusão generalizada. Então vamos lá....

Em pouco tempo descobri as vantagens psíquicas de se ter uma câmera na mão, um teclado pra soltar o verbo e pessoas com quem discutir e compartilhar ideias. Se, às vezes, para mim, é impensável fotografar quando o astral não está bom, por outro lado, às vezes, sinto que a arte é o espaço ideal para expressar e discutir inquietações e ideias.

Penso que, se no dia-a-dia, na vida prática, as teorias de administração nos recomendam reduzir riscos,
planejar ações, calcular o retorno esperado, no espaço criativo, a história é bem diferente! Uma ideia que luta pra sair do convencional precisa de mais riscos, mais ousadia.

Bailarina: Luiza Hesketh
Foto: Marcio Braz
Local: SMU


As ideias precisam de, eu diria, um pouco de destempero combinada com improviso. E, só assim, dando certo ou não, como por acidente, um banheiro pode virar palco, e o espelho, o espectador com o aplauso perfeito.



Bailarina: Patricia Maia
Foto: Marcio Braz
Local: Estação, Lago Sul


Creio que somente pressionando os nossos limites e desafiando a nós mesmos é que conseguimos nos conhecer e crescer, como profissionais e como pessoas.

Amante do sono bem dormido, sempre sonhei muito... digo: dormindo mesmo. Sejam sonhos fantásticos ou pesadelos terríveis, essas realidades imaginárias sempre me divertem no horário de "descanso". Direto do inconsciente, essas imagens são um prato cheio e vívido para a produção fotográfica. Tenho um anseio muito grande de tentar retratar um pouco disso, apesar de saber que as dificuldades técnicas são muitas.

De qualquer forma, aos poucos, tenho sentido a necessidade de transformar minha fotografia em algo mais intimista, mais expressivo, mais próprio.... não sei o que isso representa exatamente, mas sei que significa mudança.



Bailarina: Patrícia Maia
Foto: Marcio Braz
Local: Estação, Lago Sul

Por outro lado, creio que a diversidade das imagens que temos produzido demonstram um pouco do caldo cultural, mental e psicológico que é formado quando temos um trabalho de arte coletivo.

Se temos algumas fotos lúdicas, talvez elas decorram do estado de espírito em que se encontrava a bailarina que teve a ideia naquela semana.


Bailarina: Maíra Brito
Foto: Marcio Braz
Local: L4 Sul

Se temos fotos com uma atmosfera mais intensa, talvez elas decorram da interação do fotógrafo com o lugar... e que influenciou sua visão naquele instante, ainda que registrando um mero alongamento.


Bailarina: Luiza Hesketh
Foto: Marcio Braz
Local: SMU

Há, ainda, aqueles locais da nossa cidade que muito significam para uma ou outra pessoa. O local perfeito para um pode ser absolutamente desprezível para outro. Enfim, são diversos os fatos que afetam e conduzem à produção de uma determinada imagem.

E, é claro, há também  aqueles instantes capturados quase que ao acaso nos ensaios. Momentos fugazes eternizados que surpreendem e falam por si.


Bailarina: Patrícia Maia
Foto: Marcio Braz
Local: Lago Sul

Talvez, esse seja o grande diferencial do Bailarinas do Cerrado. Entre outros projetos de fotografia de
ballet existentes no mundo, a diversidade tipicamente brasileira está estampada em nossos cenários,
cores, estilos.... ideias.


Bailarina: Giselle Duarte
Foto: Marcio Braz
Local: 406 Sul

E assim seguimos, tentando equilibrar os anseios, sonhos e pesadelos, as buscas individuais e coletivas, e ainda tentando retratar não apenas a dança, mas a aura das bailarinas.


Bailarina: Rafaela Céo
Foto: Marcio Braz
Local: SMU


Bom fim de semana a todos!

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Sobre a Arte, Os Fotógrafos e as Bailarinas

por Maurício Zanin


Bailarina: Luiza Hesketh
Fotógrafo: Mauricio Zanin
Ponte JK, Brasília




A arte
é a coisa
objetiva a que mais me
aproxima de Deus.

















Bailarina: Patricia Maia
Fotógrafo: Mauricio Zanin
Brasília


A arte mostra que somos seres limitados 
diante das infinitas possibilidades de emoção
e beleza à nossa volta.

É preciso abrir mão e aceitar que não adianta
você tentar ter todo o controle sobre a luz,
sobre o obturador, sobre o movimento. 
Você precisa aceitar e acreditar que você não controla tudo.

A perfeição não vem da sua técnica, a técnica
só lhe ensina a ver a beleza.... mais nada.

Quando nos arriscamos a captar a arte com
nossos olhos e com luz, então, nos
tornamos fotógrafos.

Os Fotógrafos
são apenas atrevidos
querendo captar o indizível.





Bailarina: Giselle Duarte
Fotógrafo: Mauricio Zanin
Igrejinha 307/308 Sul, Brasília



As Bailarinas
são os seres mágicos que tornam o indizível possível.

Sempre haverá um
momento mágico, único e
instantâneo, que você não
controla, não entende,
você simplesmente se
rende, acredita e aceita.

Se neste momento você
tiver diante de si, uma
linda bailarina... tudo
acontece.








Bailarina: Giselle Duarte
Fotógrafo: Mauricio Zanin
Passagem Eixinho Sul, Brasília 






Seus erros, podem emocionar 
mais do que a sua precisão.

Pois pequenos gestos 
ganham emoções
avassaladoras.














Bailarina: Giselle Duarte
Fotógrafo: Mauricio Zanin
L4 Norte, UnB - Brasília



Bailarina: Giselle Duarte
Fotógrafo: Mauricio Zanin
L4 Norte, UnB - Brasília



As Bailarinas e
Os Fotógrafos convivem com o
erro e respiram a superação todo o
dia ...... existem para recomeçar .... e
cinco ... seis.... sete... e oito.

Mesmo que tudo dê errado, eles
estarão sempre prontos.










E, quando tudo funcionar com a
precisão de um relógio, e com a
emoção de um sonho infantil...



Bailarinas: Giselle Duarte e Maíra Brito
Fotógrafo: Maurício Zanin
L4 Norte, UnB - Brasília


Ainda assim, estarão prontos para sempre
recomeçar.



Bailarinas: Luiza Hesketh e Patricia Maia
Fotógrafo: Mauricio Zanin
Ponte JK, Brasília



quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Contrastes

por Patrícia Maia



Um ensaio na UNB, um rato no teto, um monte de entulhos ao lado. Duas mulheres passam e perguntam indignadas: Com tanto lugar bonito lá em cima, porque escolher aqui?? 


Bailarina: Patrícia Maia
Fotógrafo: Márcio Braz
Local: UNB

A ideia de um ensaio no lixo, atendida pelo Braz (este fotografo capaz de entender a alma das bailarinas), partiu de uma inquietação que sempre me fez pensar a respeito do contraste que representam, para mim, o ballet clássico e o contemporâneo.

Se por um lado adoro a bailarina delicada, leve, pura, um ser angelical e quase intocável, descrita por Chico Buarque, por outro, me causa verdadeiro fascínio a forma como Pina Bausch procurava, através da dança contemporânea, retratar a realidade humana por meio de seus conflitos, medos, tristezas, amores, sonhos... Essa mistura de sentimentos e divagações que convidam o público a refletir sobre temas desconcertantes, confusos e intrigantes como a própria vida!


Bailarina: Patrícia Maia
Fotógrafo: Márcio Braz
Local: UNB


Seriam esses dois extremos incapazes de se misturar ou viver em harmonia? Como disse minha amiga Yvone, seria essa a desconstrução da bailarina? Ou a busca da mulher que explode por dentro? A construção de uma nova forma de ver as coisas?

Talvez a busca de um equilíbrio entre esses extremos:  o amor pelo ballet delicado e suave e a paixão pelo contemporâneo forte, avassalador, mas conflitante, como qualquer paixão.


Bailarina: Patrícia Maia
Fotógrafo: Márcio Braz
Local: UNB


terça-feira, 28 de agosto de 2012

Na ponta do pé


por Maíra Brito 

Brasília 
29 de agosto de 2012.  



Bailarina: Maíra Brito
Fotógrafo: Marcio Braz
Brasília, Catedral Rainha da Paz.


Minha mãe me conta algumas histórias sobre a minha avó. Uma das que mais me impressiona é sobre a vontade que ela sempre teve de aprender a tocar piano.

Sonhos nos acalentam e nos ajudam a imaginar que a felicidade existe em algo além de nós. São mapas cheios de atalhos e desvios, faíscam pra nos empurrar adiante. E nos impulsionam a subir nas pontas dos pés.



Bailarina: Maíra Brito
Fotógrafo: Marcio Braz
Brasília, Catedral Rainha da Paz.


Minha avó era vaidosa. Muito vaidosa. E minha versão bailarina é exatamente assim. Aluna que gosta de meia calça, colant e tem sempre uma flor no cabelo. Dedicada, quer saber o que significa cada nome do ballet. E talvez um pouco racional demais, que em alguns chega a ficar paralisada diante de um passo que foge à compreensão imediata do corpo e só ganha sentido depois de 395 tortas repetições.



Bailarina: Maíra Brito
Fotógrafo: Marcio Braz
Brasília, Parque da Cidade
 
O entendimento talvez não me chegue a todos os músculos do corpo, mas a dificuldade fica fixada na minha imaginação. E de lá desperta diante de tantos outros bailarinos, que transformam toda a complicação em  delicadeza.

Aprender ballet é ter a chance de aprender a admirar não o que você sabe, mas o que os outros te oferecem de belo. É ter a chance de ver pequenas perfeições nos detalhes - em todos os detalhes, de todas as histórias, todas as pessoas, todas as situações, todas as coisas.




para Dona Preta (1921-2012)



terça-feira, 21 de agosto de 2012

Artista é SER pra sempre!


Por Joana Azevedo



Bailarina: Joana Azevedo
Fotógrafo: Marcio Braz
Brasília, Parque da Cidade



Bailarina: Joana Azevedo
Fotógrafo: Marcio Braz
Brasília, Parque da Cidade
Há anos me tornei professora, o que exige muito tempo e uma energia mental e física bem grande. As horas planejando,
estudando e dando aula são muitas. E, consequentemente, o tempo dedicado a fazer aula e ensaiar já não é tanto.

Sempre fui conhecida como a bailarina de alma, além das coxas grossas claro. E hoje, mais do que nunca, talvez pela maturidade após os 30 e por já não ter todo o tempo do mundo só pra dançar, o palco me deixa mais apaixonada, tranquila e viva.

Não existe mais ou menos artista. E também não faz parte
das coisas que viram “ex”. Está nas veias. É um processo de dentro pra fora. Praticamente uma condição genética.


Ser Artista é se movimentar com os pincéis, com as palavras, com as notas musicais, com o corpo...
Ser Artista é chorar, sorrir, sentir, se expressar, se entregar, dançar..
Ser Artista é um estado de alma e coração!

SER Artista é pra sempre!



Bailarina: Joana Azevedo
Fotógrafo: Marcio Braz
Brasília, Ponte JK